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domingo, 23 de março de 2014
Platônico...
Pobre d'minha alma que em constrição,
com este corpo descabido,
deseja amores que habitem apenas nos olhos,
o corpo séquito de afagos,
sempre se aventura,
deixando-a em eterna tortura.
Ela lamenta e ressente,
que o amor se confunda com sexo,
e que no sexo não se encontre o amor.
Ela almeja a frígida doçura,
de um beijo não posto nos lábios,
do tremor das carnes intocadas,
aquela terna lascívia solitária.
O corpo em outros corpos descamba,
procura nas variações prazerosas,
que torna a alma tão pesarosa,
os gozos algozes da alma.
E pobre d'minha alma,
sempre indefesa,
sonhando com a grandeza,
de um amor indelével,
incutido da leveza atenta,
de um caminhante na rua,
que lhe toque com força,
sem toque e sem boca
que alma para alma,sussurre
me tome, sou tua.
A alma lamentável e vingativa,
atrai-se por corpos,
que o corpo desejará,
e jamais tocará.
Ela joga no corpo o sopro,
do amor mentiroso,
o consome em chamas,
o distrai e engana,
ele que de sagaz não tem nada,
na trama da alma,
ele chora de pura manha.
E o corpo um dia desperta,
deste sonho não vivido,
acorda os instintos,
volta sem dor e em carne viva,
se abre e se fecha,
quando bem lhe interessa,
estas são as horas de festa,
e na festança ele se refestela.
Pobre d'minha alma,
sempre desentendida do corpo,
e ainda assim o habita,
vislumbra em pequenas frestas,
aquilo que tanto almeja, o solitário sentir do amor,
vem o corpo e a fecha no vazio e no escuro.
E a mente esta contesta,
se ressente desta divisão insana,
divaga em palavras,
impotente e confusa,
do corpo e da alma,
não lhe cabe mais nada...
Patricia Piassa
De: Poesias da Pah
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