Eram tantos corpos sobre uma única cama,
e lá entre músculos, seios e quadris eu me sufocava,
e aquilo que poderia dar em tudo,
acabou comigo dando nada.
Você contava-me das mulheres do passado,
um tanto longínquo ou da semana passada,
meu pensamento vagava em contornos,
de bocas, seios e rostos emoldurados,
por molduras de tamanhos e cores variadas.
Escutava quase todas as suas palavras,
sentia de forma latente tua prisão,
aprisionei-me em tua jaula.
Tuas coisas do passado, tão passageiras,
para mim traziam meu passado de volta.
Enquanto você falava eu escutava de longe,
com o ouvido colado em tua boca,
e os olhos em meu passado,
meu passado veio em um corpo,
esplendoroso e poderoso,
e tua voz em mim divagava,
não entendia as tuas palavras,
tua prisão também me incomodava,
fugi para uma boca,
que tomava-me o ar,
e em seguida de volta para mim soprava.
Não sei em quantos estávamos naquela cama,
sei que sentia a falta dolorosa,
de um aperto no corpo, daquela pegada.
Sentia falta do riso solto,
do louco incompreendido,
que eu entendia no menor gemido.
E assim ficamos impotentes,
incapacitados de olharmos nos olhos,
pois dentro deles de um para o outro,
não havia mais nada...
Patricia Piassa
De: Poesias da Pah
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